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Declaração \

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Com a repercussão de sua fala no Instagram sobre mulheres que ocupam cargos de CEO, Tallis Gomes, que é sócio e fundador da G4 Educação, foi afastado do conselho da Hope, marca de lingerie que tem público majoritariamente feminino e tem uma mulher, Sandra Chayo, como sócia-diretora. Ele fazia parte do conselho consultivo da companhia - o que se manteve até sexta-feira (20).

Neste sábado (21), a Hope emitiu uma nota assinada por Chayo:

“Tallis Gomes deixará o conselho consultivo da Hope. Acreditamos que esse é um momento em que ele precisa refletir sobre a importância das lideranças femininas e como essa evolução traz ganhos e benefícios para toda sociedade, que não irá retroceder. A Hope é liderada por mulheres, e liberdade e o respeito em escolher nossos caminhos pessoais e profissionais são valores inquestionáveis para nós. Temos esperança em nossa essência e acreditamos na força da construção em conjunto de uma realidade em que a equidade de gênero não seja mais um tema a ser discutido”.

A fala de Gomes também gerou o cancelamento de uma palestra que ele faria na segunda-feira (23) no Instituto Caldeira, um hub de inovação com 43 empresas fundadoras, entre elas Renner, Gerdau e Grupo RBS.

Pedro Valerio, diretor executivo do Instituto Caldeira, disse ao Valor que a palestra seria para um público de empreendedores, membros da comunidade empresarial do Rio Grande do Sul, startups e alguns estudantes. “O auditório que ele daria palestra tinha previsão de 1.200 lugares”, disse Valerio.

A organização decidiu cancelar a apresentação diante da repercussão da fala de Gomes.

  • Leia também: Tallis Gomes: qual é o impacto na reputação das marcas?

Tallis Gomes, CEO da G4 Educação, no Podcast Café com Ferri, quando polemizou ao falar que seus funcionários trabalham 80 horas por semana — Foto: Reprodução/YouTube

Entenda a polêmica fala de Tallis Gomes

Ao receber, no Instagram, a pergunta “Se sua mulher fosse CEO de uma grande companhia, vocês estariam noivos?” de um usuário, Gomes respondeu “Deus me livre de mulher CEO”.

Em sua resposta, o empreendedor disse ainda: “Vcs não fazem ideia da quantidade de stress e pressão envolvida em uma cadeira como a minha. Fisicamente vc fica muito abalado, psicologicamente vc precisa ser MUITO, mas MUITO cascudo para suportar. Na média, essa [sic] não é o melhor uso da energia feminina. A mulher tem o monopólio do poder de construir um lar e ser base de uma família – um homem jamais seria capaz de fazer isso. Pra quê fazer a vida dessa mulher pior dessa forma?”.

A resposta continuou da seguinte forma: “O mundo começou a desabar exatamente quando o movimento feminista começou a obrigar a mulher a fazer papel de homem. Hoje, vejo um bando de marmanjo encostado trabalhando pouco e dividindo conta com mulher. Eu entendo que temporariamente pode acontecer, eu mesmo já passei por isso no passado – mas tem que ser algo transitório.”

Ele finalizou da seguinte forma: “Homem que tem condições de bancar sua mulher e não o faz, está perdendo o maior benefício de uma mulher, que é o uso da energia feminina nos lugares certos, lar e família.”

O texto publicado no stories de Gomes na rede social causou enorme repercussão em redes sociais como LinkedIn e também em grupos de executivas no WhatsApp.

Uma das executivas que se pronunciou foi Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza e presidente do Grupo Mulheres do Brasil. Em post no LinkedIn, ela disse:

“O Magalu fez uma parceria pontual com o G4 para oferecer um curso a pedido dos sellers do nosso marketplace. Não concordo em nada com o posicionamento de um dos sócios da empresa a respeito das mulheres. Criei três filhos trabalhando muito, inclusive como CEO do Magalu. Soube cuidar deles e dos idosos da família. Tenho amigas íntimas que optaram por ficar em casa para criar seus filhos mais de perto. Simplesmente escolheram outro estilo de vida, e nunca as critiquei. Tanto os meus filhos quanto os delas são felizes, comprometidos e legais. Sempre digo: não há receita para criar uma família. De uma coisa tenho certeza: nós, mulheres, podemos ser aquilo que queremos e optamos ser.”

Em menos de 24 horas a postagem registrou mais de 12 mil interações, 616 comentários e 464 reposts.

Além de muitas executivas e empreendedoras se posicionando, homens também deixaram sua opinião sobre o assunto em seus murais no LinkedIn.

Daniel Mazini, country manager da Amazon no Brasil, escreveu “Dia difícil para todas as pessoas que sabem que mulheres são tão competentes quanto os homens em diversas áreas do mundo de negócio por conviverem, trabalharem para elas, admirarem e se inspirarem em suas atuações como líderes fortes e capazes. Basta existir o espaço para isso acontecer.”

Ao Valor, Mazini comentou que “minha chefe é mulher, a vice-presidente da América Latina para a Amazon, a minha liderança da Amazon Brasil é na sua maioria mulher, e tem uma mulher superforte em casa também. Além disso fui embaixador do movimento pela licença paternidade Copai, que busca reduzir um pouco essa inequidade que temos no Brasil”, reforçando seu posicionamento.

CEO da consultoria de recrutamento executivo Fesa Group, Carlos Guilherme Nosé também se posicionou no LinkedIn: “Quando vi, achei que era Fake…. De tão absurdo que é!”

Na sequência agradeceu as mulheres que trabalham com ele na organização e “construíram e continuam construindo uma empresa diferenciada”, além das “milhares de executivas mulheres que já foram recrutadas pela Fesa e que impactam positivamente nossos clientes”.

Diego Barreto, CEO do iFood, disse também pelo LinkedIn: “Que a sociedade permita que as mulheres possam ser o que elas quiserem, inclusive CEOs. [...] Minha opinião em torno deste tema é: -Mulheres merecem as mesmas oportunidades dos homens; Hoje elas não têm; Homens devem entender o por quêç Homens podem (e devem) contribuir para que as oportunidades sejam similares; Homens e mulheres deveriam lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.”

Depois da repercussão, em nota enviada por sua assessoria de imprensa, Gomes disse, entre outras coisas: "Eu errei feio num texto no Instagram. E quero reconhecer o erro e pedir desculpas. Muitas mulheres se sentiram machucadas pelas minhas palavras, e eu estou profundamente chateado por ter magoado essas pessoas.

Terminou a nota comentando que "o lugar das mulheres é onde elas quiserem estar. Seja na vida pessoal, seja no mercado de trabalho."

Esta não é a primeira vez que Tallis Gomes faz comentários do tipo. Este ano, ele falou em um podcast que não contrata "esquerdista" e que seus funcionários trabalham 80 horas por semana. A declaração também repercutiu nas redes sociais.

Também este ano, em um vídeo no stories do Instagram, Gomes comentou que falar de saúde mental no trabalho é coisa de “bullshiteiro”. “Quem anda falando isso na internet é um bando de vagabundo que não faz nada e está querendo arrumar desculpa para trabalhar pouco.” O assunto também repercutiu nas redes.

Os 20 maiores cassinos do mundo Fonte do artigo:Dupla Sena